O SCRATCH COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA PARA A FORMAÇÃO LEITORA DE ALUNOS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA E FACILITADOR DA SOCIALIZAÇÃO
autismo. Scratch. literatura. inclusão. socialização.
Esta pesquisa de mestrado investigou os desafios da inclusão de alunos com necessidades
especiais, com foco em estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e de que forma
a ferramenta digital Scratch pode contribuir para aprendizagem desses estudantes. Embora a
matrícula em escolas regulares seja um direito garantido, a oferta de um atendimento
adequado ainda enfrenta obstáculos significativos. A falta de infraestrutura, a escassez de
profissionais especializados e a necessidade de formação continuada para professores são
alguns dos principais desafios, especialmente na rede pública estadual do Rio Grande do Sul.
O aumento nas matrículas de alunos com TEA, condição que afeta o desenvolvimento
cerebral e influencia comportamento, comunicação e interação, intensifica a demanda por
atendimento educacional especializado. Os desafios se acentuam nas séries finais do ensino
fundamental, quando o currículo se fragmenta e os alunos passam a interagir com diversos
professores. Diante desse cenário, a pesquisa propôs a "Oficina Literadeira", um produto
educacional para contribuir com a aprendizagem de alunos autistas. O estudo, aprovado pelo
Comitê de Ética e Pesquisa (CAAE: 79192624.0.0000.8024), foi aplicado a seis alunos com
TEA, entre 12 e 15 anos, com foco no desenvolvimento de habilidades linguísticas.A oficina
utilizou tecnologia, literatura e atividades lúdicas e interativas, buscando responder à
pergunta: "De que forma o Scratch pode contribuir para a formação leitora de alunos com
TEA e colaborar com a socialização desses alunos?" O Scratch é uma ferramenta digital,
inspirada e fundamentada na espiral e nos 4Ps da aprendizagem criativa, utilizada em
diversos países para impulsionar o aprendizado dos estudantes. Ela oferece um ambiente de
possibilidades ilimitadas ao permitir “paredes amplas”, reconhecendo que a criatividade não
pode ser mensurada ou limitada. Ao mesmo tempo, ela é inclusiva, na medida em que
permite que todos iniciem no seu ritmo, mesmo sem conhecimento prévio da ferramenta
(teto baixo). Essa flexibilidade possibilita a exploração, estimula a autonomia e o
desenvolvimento das habilidades, fomentando o aprendizado. A pesquisa combinou revisão
bibliográfica e pesquisa-ação. Os dados desta pesquisa qualitativa foram coletados através de
observações sistemáticas, da aplicação de rubricas específicas previamente definidas, do
registro em diário de campo e da realização de entrevistas semiestruturadas com os alunos e
seus responsáveis legais. O objetivo foi verificar se o Scratch poderia contribuir na redução
dos bloqueios linguísticos que dificultam a criação do hábito da leitura e a compreensão
textual, que impactam, consequentemente, na aprendizagem de outros componentes
curriculares, além de examinar se a leitura, por seu caráter social e a colaboração no Scratch
poderiam auxiliar na socialização destes estudantes. Com base nas teorias de Vygotsky,
Papert e Resnick, que defendem a aprendizagem por meio da interação e da colaboração, os
resultados indicaram que o uso do Scratch, aliado a atividades em grupo, contribui para o
desenvolvimento de habilidades sociais e comunicativas. Os achados deste estudo oferecem
subsídios para a formulação de práticas pedagógicas inclusivas, reforçando a importância de
abordagens personalizadas e colaborativas no ensino de alunos com TEA, visando uma
educação mais equitativa.