ANÁLISE DA VIABILIDADE TÉCNICA DA INCORPORAÇÃO DE LODO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA NA FABRICAÇÃO DE PRODUTOS CERÂMICOS CONVENCIONAIS
Lodo de ETA. Lodo de decantador de ETA. Lodo insumo para tijolos. Agregado de argila e lodo.
O processo de tratamento de água convencional utiliza etapas básicas para transformar a água bruta em água potável. Na etapa de decantação é gerado grande volume de lodo com alta variabilidade e contendo diversas partículas que causam cor e turbidez à água. A destinação adequada do lodo produzido é essencial, pois tanto quanto se busca a universalização da distribuição de água potável, tanto maior será o volume do rejeito. O reaproveitamento do lodo de Estação de Tratamento de Água (ETA) em outra atividade ou processo produtivo é fundamental devido ao destino muitas vezes dado a esse resíduo, geralmente disponibilizado in natura nos cursos d’água, causando grande impacto negativo. A indústria cerâmica apresenta-se como uma forma de inertizar quaisquer materiais presentes no lodo, através da incorporação deste nas peças conformadas. O objetivo deste trabalho é avaliar a incorporação de lodo de ETA na argila para fabricação de tijolos convencionais e verificar o comportamento das amostras nas diferentes proporções, temperaturas e pressões de confecção. O trabalho foi desenvolvido com o lodo de uma ETA de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, e com a argila de uma olaria localizada no mesmo município. Foram confeccionados 60 corpos de prova com cada uma das proporções de argila/lodo: 100/0; 97,5/2,5; 95/5; 90/10; 80/20. Utilizou-se a pressão de compactação de 25 MPa para metade deles e de 50 MPa para a outra metade na conformação dos tijolos. Cada 10 corpos de prova de cada quantidade de incorporação de lodo e de cada pressão utilizada foram queimados a 900, 1000 e 1100 °C. Os resultados são apresentados em tabelas e gráficos e apontam que até a incorporação de fração de 10% de lodo na massa cerâmica é possível a utilização dos tijolos convencionais confeccionados para uso interno ou sem exposição à umidade ou chuva. Ao final, junto às conclusões, ainda são apresentadas algumas recomendações para a sustentabilidade econômica, ambiental e social do processo produtivo de tratamento de água.