FATORES ESTRATÉGICOS E A INFLUÊNCIA NO DESEMPENHO EXPORTADOR DE ORGANIZAÇÕES VITIVINÍCOLAS DO BRASIL
Internacionalização; Intensidade exportadora; Sucesso em exportação; Análise Bibliométrica; QCA.
Este estudo tem como propósito analisar as configurações de fatores que contribuem para o sucesso do desempenho exportador estratégico de organizações do setor vitivinícola brasileiro. Foi adotada uma abordagem metodológica combinando uma Revisão Sistemática da Literatura (RSL) com a técnica de Análise Qualitativa Comparativa (QCA), aplicada a uma amostra de 27 empresas do setor vitivinícola que já realizaram exportações. A RSL cobriu o período de 2014 a 2024 e permitiu identificar os principais fatores e variáveis relacionados ao desempenho exportador, enquanto a QCA possibilitou compreender as múltiplas combinações causais responsáveis por esse desempenho, com base em dados empíricos coletados via questionário. Os resultados revelaram que não existe uma única trajetória para alcançar o sucesso exportador, mas sim múltiplas configurações eficazes. Foram identificadas quatro combinações principais de fatores que explicam tanto a presença de estratégia de internacionalização quanto a experiência em exportação nas organizações analisadas. Em todas as configurações, a presença da gestão humana qualificada (capital humano) se destacou como fator comum e indispensável. Além disso, elementos como capacidade de marketing, inovação organizacional e participação em redes de relacionamento foram fatores necessários para o desempenho exportador. Os achados da pesquisa são relevantes para a formulação de políticas públicas e estratégias empresariais voltadas à promoção das exportações no setor vitivinícola. A principal contribuição aplicada da pesquisa é o desenvolvimento de um artefato, Caminhos para a Internacionalização: Manual de Estratégias, com base nas combinações causais identificadas, o qual poderá ser utilizado por gestores, agências de apoio e associações do setor. Assim, a pesquisa avança não apenas a fronteira do conhecimento acadêmico sobre internacionalização de empresas, mas também oferece valor prático ao contribuir para o fortalecimento da competitividade internacional dos vinhos e sucos brasileiros. Como limitações, destaca-se o tamanho reduzido da amostra, compatível com a abordagem QCA, mas que limita a generalização dos resultados. Além disso, o foco exclusivo no setor vitivinícola restringe a aplicação direta dos achados a outros setores industriais. Futuras pesquisas podem ampliar a amostra, explorar outras variáveis estratégicas e comparar diferentes setores ou países, bem como realizar estudos longitudinais que observem a evolução das capacidades organizacionais ao longo do tempo.